Jô Soares pontuou fatos marcantes de sua carreira |
O gordo mais amado do Brasil deu show de
esclarecimentos na Record
Um pouco ofegante, tomando muita água e com a mão esquerda
trêmula, Jô Soares foi a grande entrevista que a televisão brasileira
proporcionou na madrugada desta
quinta-feira, no Programa do Porchat, na Rede Record. O gordo mais amado do
Brasil deu show de esclarecimentos, alertando aos brasileiros de que a volta do
militarismo ao poder – uma leve alfinetada no clã Bolsonaro – seria um
retrocesso.
Poder rever Jô Soares, um ícone, foi emocionante e, particularmente
gostaria de dizer ao leitor do BLOG que me senti um PRIVILEGIADO de ter sido
entrevistado pelo Jô em seu programa na Globo, quando lancei no Brasil o meu
livro “Meu Encontro com Drácula”, pela Editora Expresso, que esgotou em quatro edições
consecutivas – depois que apareci no Programa do Jô.
Poder rever o Jô foi um presente aos telespectadores |
Quando o vi sentado naquele sofá, pontuando
tópicos de sua trajetória no poderoso universo do entretenimento, foi
plausível. É inegável que Jô Soares é o maior entrevistador do país, pela
perspicácia, humor afiado e conhecimento, transformando conversa banal em precioso
encontro.
Era visível a emoção latente no olhar do Jô. O brilho dos refletores
do estúdio, os aplausos e as luzes das câmeras o trouxeram de volta ao mundo dos
espetáculos que ele mesmo escolheu como meta de vida. Havia prazer, saudosismo
e o brilhantismo de suas palavras.
Jô lembra dos tempos difíceis da ditadura no Brasil |
Jô falou das críticas que recebeu durante a
carreira, que o entristeceram. Lembrou da pichação na rua de sua casa, após a
entrevista com a ex-presidente Dilma Rousseff. E contou do dia em que avisou
Caetano Veloso e Gilberto Gil de que eles seriam expulsos do Brasil – Gil e Caetano ficaram no exílio em Londres.
Para quem
pôde assistir a entrevista de Jô Soares, evidente que prestou muito mais atenção
e constatou que a qualidade, sem dúvida – em quaisquer circunstâncias – é
mérito reconhecido. Não há como contestar o preparo e o conhecimento de um
profissional.
Em uma hora e pouco de entrevista, os ensinamentos, o alerta e as alfinetadas
do Jô, com convicção e ousadia que, de fato, induziram o público, mesmo na
madrugada.
Jô avisou Gil e Caetano Veloso de que seriam exilados |
Mancada do Fábio Porchat – Falando dos tempos incisivos da ditadura, dos truculentos
censores que entravam nos teatros e censuravam peças de teatro; lembrando do
quanto ele teve medo quando chamado para depor mediante a arrogância de
generais, Jô externou a sua indignação.
Porchat, com a sua inexperiência e falta
de perspicácia diante do depoimento do entrevistado – que confessou amarguras e
perseguições nos tempos da ditadura –, pergunta em seguida ao Jô – pasme leitor
do BLOG:
“Mas pessoas de bem não sofriam e não eram perseguidas na ditadura”,
indaga Porchat.
Resposta do Jô: “Você então está dizendo que sou um filho da
p...?” – publico aplaudiu o Jô, evidente. Porchat ficou constrangido.
De
qualquer forma foi uma entrevista brilhante – por parte do entrevistado, claro –
deixando evidente o quanto a televisão no Brasil ficou chata, com
entrevistadores sem expressão no fim de noite, depois que o Programa do Jô saiu do ar.
Ver, por
exemplo, Pedro Bial entrevistando – sem demérito algum ao jornalista –, é sem
graça, diria, conversa de compadres. Depois de cinco minutos, fica intolerante.
Falta tempero. Chato em demasia!
Foi muito bom poder rever o Jô na televisão. Quando o
conheci em São Paulo, depois da entrevista na Globo, ele foi simpático comigo.
Aquela conversa no seu programa me abriram portas e fui chamado para inúmeras
outras entrevistas, inclusive, no Rio de Janeiro e em Salvador, na Bahia.
Eu
estive lá, junto com o Jô, e fiquei muito gratificado. Aliás, devo isso a dois
grandes nomes da televisão brasileira na minha carreira de escritor e
jornalista: Sílvio Santos de quem fui jurado por dois anos consecutivos no
Troféu Imprensa, no SBT, e Jô Soares, na Globo.
Walther Alvarenga
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