Ao volante pela primeira vez, mulher saudita comemora nova lei |
A partir
da meia-noite deste domingo, as sauditas puderam dirigir
Se para as mulheres,
dirigir, tomar posse do seu carro e se locomover aonde quer que queira seja uma
prática muito comum, na Arábia Saudita a situação é bem diferente. Ou melhor,
era totalmente inconcebível ver uma mulher ao volante. As leis do país ultraconservadoras
não permitiam isso, em hipótese alguma. Entretanto, desde a meia-noite deste
domingo foi liberada lei para as mulheres sauditas pudessem dirigir.
Carteira de motorista liberada para mulheres saudiras |
Portanto, não
foi um domingo qualquer na Arábia Saudita. Acabou a proibição e as mulheres pegaram
no volante logo à meia noite. Foi uma festa, diria, uma libertação e conquista.
Vale
ressaltar que a reforma histórica neste país ultraconservador, deve-se a intervenção
do príncipe herdeiro, Mohammad bin Salman, anunciada em setembro de 2017, que
mudou conceitos e permite que as sauditas tenham o seu próprio carro.
Um domingo diferente, com mais liberdade. |
"Tenho
arrepios. Nunca imaginei em toda a minha vida que conduziria nesta avenida
", contou Samar Almogren, apresentadora de televisão e mãe de três filhos,
enquanto descia a King Fahd Avenue, principal artéria da capital saudita, ao
volante do seu automóvel, poucos minutos depois da meia-noite.
A agência conta
que dezenas de mulheres aproveitaram a nova lei para circularem ao volante das
suas viaturas logo que começou o novo dia, em que foi finalmente revogada uma
proibição que durava há décadas e que era o sinal mais visível da repressão
sobre as sauditas.
Ao marcar meia-noite mulheres sauditas saíram às ruas de carro |
Roa Altaweli quase não dormiu: "Acordei mais cedo que o
habitual, aliás estava tão entusiasmada que mal consegui dormir. Hoje vou dirigindo
para o trabalho e pela primeira vez não vou no banco de trás. Vou ao volante.
Ainda mal posso acreditar.
"Em Jeddah, as primeiras mulheres quando saíram
da garagem com os seus carros, foram recebidas com aplausos nas ruas.
Mona
Al-Fares é médica. Ainda antes da meia-noite entrou para dentro do carro e
ficou à espera. Chave na ignição, assim que o relógio anunciou a mudança da lei
girou-a, e arrancou. O marido e os filhos iam no carro com ela. "Sinto-me
estupefata. Estou mesmo dirigindo no meu país? Sinto-me feliz, aliviada. Sinto
que sou livre."
Em 2013, um conhecido clérigo saudita, o xeque Saleh
al-Louhaidan, chegou a afirmar que a condução de automóveis poderia danificar
os ovários das mulheres e deformar a sua pelve, o que levaria a malformações
dos recém-nascidos. A resistência ao levantamento da proibição ainda é forte em
alguns setores da sociedade saudita.
Anunciada em setembro de 2017, a medida
promovida pelo príncipe herdeiro Mohammad bin Salman integra um amplo plano de
modernização do país, pondo fim a uma proibição que se tornou símbolo do da
posição secundária atribuída às mulheres pelo regime.
A medida está sendo
encarada por muitos como o início de uma nova era numa sociedade que vive sob
um regime islâmico rigoroso.
Apesar da abertura das escolas de condução, muitas
mulheres reclamam da falta de instrutores e do alto custo das aulas. As
autoridades emitiram este mês as primeiras licenças de condução para as
mulheres, havendo muitas que simplesmente trocaram a carta de condução
estrangeira por uma licença saudita.
Walther Alvarenga
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