Escassez de alimentos, insegurança impulsionam a fuga do país.
Brasil, EUA e Espanha são principais destinos dos que abandonam o país

Escassez de alimentos, crise econômica e desespero diante de um futuro sombrio provocam a debandada de mais de dois milhões de cidadão da Venezuela. O fenômeno imigratório faz explodir os pedidos de refúgio de venezuelanos no Brasil e causam impasse para as autoridades brasileiras. Estados Unidos e Espanha são os principais destinos dos que abandonam o país.

Venezuela já não é mais apenas um pedaço de terra entre Brasil, Colômbia, Guiana e o mar do Caribe. A Venezuela é também a Espanha, o México, os Estados Unidos. Os venezuelanos se expandiram tanto que estão construindo uma nova geografia.

Observatório da Voz Diáspora Venezuelana com cifras dos institutos de estatística dos países de acolhida, conclui que mais de dois milhões de cidadãos (numa população de 31,6 milhões) deixaram a Venezuela nos últimos 18 anos, desde a chegada do chavismo ao poder.

Venezuelanos fogem para o Brasil, Espanha e EUA

A maioria partiu para os Estados Unidos (entre 400.000 e 450.000) e a Espanha (300.000). O êxodo começou no Governo de de Hugo Chávez (1999-2013) e se acelerou, em distintas ondas migratórias, no calor da atual crise.

“O ritmo de crescimento da emigração é tão rápido que é quase impossível manter os dados atualizados”, observa o historiador  Tomás Páez. “Mas a gente pode perceber isso no metrô ou na rua: não há lugar, fora da Venezuela, onde não se ouça o sotaque venezuelano.”

Os altíssimos níveis de criminalidade – 28.479 mortes violentas em 2016, segundo o O Observatório Venezuelano da Violência – e pela deterioração econômica cada vez mais grave, com uma inflação de 720% prevista para 2017, segundo o FMI, alavanca o êxodo de venezuelanos.

“No questionário que fizemos em mais de 40 países, perguntamos por que as pessoas foram embora; elas diziam, por exemplo, que a única geladeira que estava cheia na Venezuela era a do necrotério, ou que preferiam se despedir dos seus filhos no aeroporto, e não no cemitério”, enfatiza Tomás.

Não tem alimentos na Venezuela. Supermercados estão vazios.
Miami é a capital da ira antichavista. Mas as organizações do exílio fiscalizam com severidade a oposição, cuja decisão de participar das eleições regionais previstas para dezembro chegou a ser considerada “uma traição”, nas palavras, por telefone, do ex-tenente José Antonio Colina, um opositor hoje exilado.

“No exílio”, afirma, “a oposição sofre uma rejeição de 80% a 90%”. Patricia Andrade, que ajuda os recém-chegados, salienta a “decepção” desses exilados com os líderes opositores por não rechaçar de cara a legitimidade de qualquer iniciativa do regime: “Os imigrantes chegam com o ânimo abalado e dizendo que graças a Deus conseguiram escapar do caos, comandado pelo atual presidente, Nicolás Maduro.

Walther Alvarenga


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