Paulo Silvino vai deixar saudade. 
Eu o encontrei no camarim do SBT, com cara de poucos amigos.

O humorista Paulo Silvino vai deixar saudade. A notícia da sua morte nesta quinta-feira entristeceu o elenco do “Zorra Total”, que estava gravando no Projac – estúdios da Globo -, quando foi informado da fatalidade. Aos 78 anos, Silvino enfrentava uma batalha contra um câncer no estômago e morreu em casa, na Barra da Tijuca, no Rio.

Posso lembrar-me da entrevista que fiz com Paulo Silvino, no SBT, em São Paulo, quando ele estava no elenco de “A Praça é Nossa” e fazia um quadro com Carlos Alberto de Nóbrega – aquele do açucareiro “...povo tá ó...”  e batia no fundo do açucareiro – lembra disso?

Para minha surpresa, quando cheguei aos estúdios do SBT, na Anhanguera, deparei-me com um sujeito sério, de olhar de poucos amigos, longe de ser o personagem engraçado que o Brasil conhece. Cumprimentou-me friamente e sentou-se em um ponto do seu camarim em silencio. E a entrevista fluiu, mesmo assim.

O Severino era o terror da mulherada
Foi quando ele me confessou que se sentia cansado, e que queria dar um tempo na carreira. “O meu filho – Flávio Sílvino – está indo muito bem lá na Globo, beijando a mulherada, posso até parar agora. Ele é o meu fundo de garantia (sorriu quebrando a expressão séria).

Levei um susto, meses depois, quando recebi a notícia de que Flávio Silvino, que ocupava o cast dos principais galãs da Rede Globo, havia sofrido um grave acidente de carro e que dificilmente sobreviveria.

Paulo Silvino e o filho, Flávio Silvino, nos bons tempos.
Naquele momento me lembrei do Paulo Silvino, do olhar cansado e da esperança de ele passar o bastão para o filho. O seu "fundo de garantia" estava realmente comprometido. E devido ao impacto do acidente, o ator Flávio Silvino teve problema cerebral gravíssimo, afetando o lado da fala e os seus movimentos. Ele foi para a cadeira de rodas e de lá não mais se levantou. A sua carreira promissora foi interrompida.

Nesta quinta-feira novamente deparei-me com Paulo Silvino em pensamento. Por segundos voltei lá no camarim do SBT, e o reencontrei, desta vez, guardando os seus pertences em uma maleta de viagem. Tinha chegado a sua hora de partir, de ir para Deus!
Cadê o Severino? Alguém viu o Severino por  aí?

Walther Alvarenga

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