No guichê da Imigração as mãos ficam geladas e a respiração cessa.  
Respire fundo, relaxa: hora de passar pela Imigração.

É um momento cruciante para muitos dos brasileiros que desembarcam nos aeroportos dos EUA, passar pelo crivo dos oficiais de Imigração americanos, geralmente com cara de poucos amigos, e desconfiados ao extremo. Têm pessoas que segura a respiração quando passam pelo guichê de inspeção, outras pedem ajuda dos céus, enfim, cada qual com a sua forma de se proteger. Verdade seja dita: é entediante.

Confessou uma senhora, na altura dos seus 76 anos de idade, que todas as vezes que desembarca no Aeroporto Internacional John Kennedy, em Nova York, antes de sair da aeronave, alega estar sentido dores nas pernas e pede ajuda. “Vem o pessoal de suporte do aeroporto e me leva de cadeira de rodas até o guichê de Imigração. Lá, eles mesmos entregam o meu passaporte, me ajudam, e me deixam na porta de saída da sala de desembarque. Acho isso maravilhoso porque não fico tão nervosa”, confessa.

É comum, quando se está na boca de entrada dos EUA, naquelas filas imensas – e todos vão passar pela imigração -, perceber que há um clima de medo. Os passageiros se olham inquietos, aguardando pelo veredito final. Ninguém admite, mas a tensão é geral.

O que acontece? Por que a insegurança? Para a mineira Suzana Benetti, o guichê de Imigração nos EUA é o maior desafio que o brasileiro enfrenta. Exagero? “Que nada, se você cair nas mãos daquele oficial que não dormiu bem à noite ou que discutiu em casa, se prepare”, conta Suzana. “Eu já chego cumprimentando, com um sorriso do tamanho de Nova York, mas as minhas pernas ficam bambas. Um horror”, ressalta.

Famosa salinha – O que todos os brasileiros temem na verdade, é a famosa “salinha” – é assim que todos a denominam -, onde o sujeito é levado, depois de ser dispensado do guichê de imigração e passa por um interrogatório. E na tal “salinha” tudo pode acontecer, inclusive, a deportação no voo seguinte.

O passageiro que embarca para os EUA deve evitar levar na bagagem alimentos para parentes que vivem no país – o primeiro erro. E se alguém que mora nos EUA pedir para que você leve alguma encomenda, tenha muito cuidado, pois dependendo do que está na sua bagagem pode lhe custar horas de explicações na “salinha”.

E qualquer um pode ser levado para lá. O ator Lázaro Ramos, da Globo, foi deportado do aeroporto de Miami. Ele enviou uma mensagem aos amigos dizendo o seguinte: “Acabo de chegar de volta ao Brasil. Fui deportado no aeroporto de Miami”, escreveu. “Galera, com pouco tempo, mas resumo o motivo da minha deportação, foi quando eles – os oficiais de imigração – pegaram meu celular e tinha vários grupos no meu whatsapp falando em migrar pros EUA. Foi crucial. Recebi um castigo no passaporte e não posso voltar por cinco anos”, relata. “Volto pelo México”, brinca Lázaro Ramos.

Inspeção de bagagem dos oficiais é rigorosa.
Uma brasileira da cidade de Botelhos – no Sul de Minas -, que mora nos EUA há 20 anos, e que tem o Green Card, admitiu que quando vem ao Brasil visitar familiares, sente um friozinho na barriga na hora de retornar para a cidade de Newark, em New Jersey, onde reside com o esposo.

“Eu sei que tenho a entrada garantida no país, mesmo assim fico nervosa. As mãos ficam geladas e tenho vontade de pular do avião e cair logo na minha casa, sem a necessidade de passar pela Imigração”, diz.

Passageiros com dificuldades de caminhar são auxiliados por funcionários
Sem dúvida a “aventura” começa quando se vai ao Consulado em São Paulo, ou no Rio, pleitear um Visto de entrada nos EUA. Há que realiza o sonho de visitar – ou morar – na terra do Tio Sam, entretanto, a maioria volta para casa frustrada.

Quanto ao medo do brasileiro na fila de imigração nos EUA isso parece não ter fim. Passa de geração a geração. Um calmante pode resolver o problema.

Walther Alvarenga


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