A robô Sophia falou em inglês agradecendo pela cidadania |
Robô Sophia não precisou cobrir os cabelos e não terá tutor
masculino
As mulheres na Arábia Saudita se revoltaram com a decisão do governo de
conceder a cidadania a um robô feminino - que não precisa cobrir a cabeça em
público ou ter um guardião masculino.
O robô chamado Sophia, que foi
revelado em uma conferência de tecnologia, na capital Riyadh, provocou uma
reação feroz nos sites de redes sociais com dúvidas sobre se o robô feminino
será ou não tratado como outras mulheres no reino árabe agora que ela é cidadã.
Robô Sophia é uma criação da Hanson Robotics, de Hong Kong. |
Sophia, criada pela empresa de Hong Kong, Hanson Robotics, dirigiu-se ao público em inglês sem o lenço habitual e manto tradicional que as mulheres sauditas têm de usar em público.
Ela disse aos delegados na Iniciativa de Investimento Futuro que, "Gostaria de agradecer muito ao Reino da Arábia Saudita. Este é um momento histórico por ser o primeiro robô do mundo a ser reconhecido com uma cidadania".
Hadeel
Shaikh, uma saudita cuja criança de quatro anos com um libanês não tem
cidadania disse: "É revoltante saber que um robô tem cidadania e a minha
filha não".
A
criação do primeiro cidadão cyborg do mundo é o último anúncio do reino
muçulmano sunita, que concedeu às mulheres o direito de dirigir, e planeja
permitir que elas assistam jogos em estádios esportivos no próximo ano, junto
com os homens.
Shaikh
quer uma reforma maior, pois está preocupada com o futuro da filha, que só tem
um cartão de residência.
Ela
disse à Fundação Thomson Reuters: "Eu quero que ela tenha todos os
privilégios de sua mãe. Eu quero que ela se sinta bem-vinda".
Sophia fala com desenvoltura e irritou as mulheres sauditas |
Um
sistema de tutela na Arábia Saudita também exige que um membro da família do
sexo masculino conceda permissão para que uma mulher estude no exterior, faça
viagens e outras atividades.
O
jornalista Murtaza Hussain postou: "Este robô – se referindo a Sophia -,
obteve a cidadania saudita antes dos trabalhadores da Kafala que viveram no
país toda a vida".
Feminista
saudita, Moudi Aljohani, com sede nos Estados Unidos, questionou: "Estou
me perguntando se o robô Sophia pode deixar a Arábia Saudita sem o
consentimento de seu tutor".
Bahrain,
Kuwait, Líbano e Jordânia são alguns dos países do Oriente Médio que também não
permitem que mulheres casadas com estrangeiros passem a cidadania para seus
filhos.
Walther Alvarenga
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