Eles, os brasileiros, os cidadãos do mundo.
As chamas estão acesas, pois a missão continua em 2018.

E lá se vão 26 anos de trabalhos dedicados aos emigrantes brasileiros no mundo. Percorrer a trajetória do sonho tem sido uma árdua tarefa na experimentação de conquistas, tentativas e empenho através de depoimentos que entraram para história. E quem fez essa história – não há dúvida disso –, foi o programa Nova York  - Um Sonho Brasileiro, que abriu caminhos – 1991– , apontou horizontes e  mostrou às famílias brasileiras que existe um Brasil fora de casa.

Foi dado o primeiro passo e, graças aos céus vieram os seguidores. Olhar para o ponto de partida e verificar que as chamas que iluminam o caminho continuam acesas, é uma benção. Nunca apague a luz do sonho!

Meu encontro com os brasileiros na Suíça
Não posso me esquecer dos emigrantes sonhadores, que ficaram no meio do caminho. A minha homenagem à memória de cada um deles, que foram acometidos pela fatalidade. Aos que perderam a vida tentando atravessar o deserto; aos que foram mortos por coiotes e aos que foram deixados para trás, meus sentimentos.  Lembrando também dos doze brasileiros desaparecidos no mar das Bahamas.

Nesta noite de 31 de dezembro de 2017, lembro-me de cada um dos brasileiros com quem conversei ao longo dos anos, resgatando acontecimentos que não se perderam na linha do tempo. Choro, sorrisos, desabafos foram guardados na fenda da imortalidade. O que está no coração é eterno.

Momento difícil para os familiares: a despedida.
Quantos momentos fui surpreendido em aeroportos do mundo, segurando a minha pasta, meus de documentos, com o coração dilacerado, mas atento. Deus queria muito mais de mim e jamais poderia esmorecer. Essa a minha missão.

Na Suíça participei do resgate de uma brasileira da prostituição. Foram horas de tensão em Zurique. Na Itália visitei os brasileiros exatamente na noite de 31 de dezembro, eu estava em Torino. Em cada um daqueles olhares existia o medo e a esperança. Eles estavam felizes!

Em cada aeroporto do mundo o resgate do sonho
Chorei – poucos sabem disso –, ao visitar um brasileiro no asilo, em Mount Vernon. Segurei as lágrimas quando desci embaixo de um viaduto, na cidade de Newark, onde havia brasileiros morando. Lá existia brasileiro dormindo embaixo do viaduto, arrastado pelas drogas.

Um dos momentos mais difíceis de minha missão ocorreu quando uma mãe brasileira, nos EUA, se recusou a mandar abraços para os filhos no Brasil, em Poços de Caldas. Disse a ela que era um pedido dos garotos, que eles não queriam dinheiro, apenas um abraço, mas ela manteve-se irredutível.

Vem à memória o desespero da filha, em Mount Vernon, com o falecimento da mãe em Poços de Caldas. Ela me ligou aos prantos e me incumbiu de dura tarefa: colocar o celular no ouvido da mãe, no caixão, pois precisava se despedir. Fiz o que ela me pediu. Ao me aproximar do caixão e colocar o meu celular no ouvido da senhora, todos me olharam com espanto.

Aos que morreram no deserto do México, meus sentimentos.
Foram tantos acontecimentos. O caminho é longo, tortuoso, mas têm muitas tarefas a serem cumpridas em 2018.  Que Deus me dê forças para executar tantos encargos.  Aos brasileiros pelo mundo o meu abraço! Aos respectivos familiares, obrigado por confiarem em mim à missão do reencontro.

Walther Alvarenga   

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