Ela não queria usar o véu e desistiu de ir à escola, abandonando os amigos. 

A garota, 14 anos, enfrentou os pais e se trancou e abandonou escola.

A incrível história de uma adolescente, de 14 anos, de origem muçulmana, que se recusou a usar o véu (Hijab) para não se sentir diferente de suas amigas de escola, no Instituto Scalcerle, na Itália. Tudo o que ela mais desejava era ter o cabelo solto, vestir calça jeans e tênis, mas os pais estavam irredutíveis.

Magoada, a menina – cujo nome é mantido sob sigilo –, se trancou em seu quarto e abandonou a escola. Dizia que se sentia estranha usando o véu sobre o cabelo. A ausência da menina nas aulas chamou a atenção dos educadores.

Alunas muçulmanas e a obrigatoriedade de usar o Hijab
O diretor, Giancarlo Pretto achou estranho o fato de a aluna, com boas notas e disciplinada,  sem qualquer explicação, parar de ir à escola. Seus amigos e colegas de classe não tinham ideia de onde a garota estava ou se algo aconteceu a ela.

"Quando um garoto ou uma garota não aparece na escola, temos o dever de entender qual é o motivo", explica o diretor Giancarlo. “A nossa obrigação é questionar os colegas do aluno desaparecido para termos um veredito final”, enfatiza.

Os professores tentaram entrar em contato com a família da aluna e mais tarde descobriram o que de fato aconteceu. A família é de origem muçulmana e dizia que a filha, com mais de 14 anos, tinha a obrigação de usar o véu.

Mas a aluna não queria ser vista por seus companheiros de escola com a cabeça coberta. Triste com a obrigatoriedade, ela desistiu da escola e se fechou em casa.

Os pais foram inflexíveis quando os professores tentaram por meses mediar com eles à situação. A garota estava irredutível e disse que não usaria o véu na frente dos seus colegas de escola.

A jovem se sentia diferente com aquele véu. Ela queria se vestir como as meninas de sua classe, na moda, poder usar o cabelo solto, com calça jeans e tênis. Ela queria se sentir parte de um grupo, assim como qualquer adolescente.

“Sentir-se envolvido e aceito por amigos nessa idade é crucial, e o sofrimento que vem de saber que você é diferente, é cruel. A menina queria levar uma vida normal, sem lenço na cabeça, mas a imposição de sua religião foi cruel ao extremo”, desabafou o diretor, Giancarlo Pretto.

"Eventos como este acontecem em todas as escolas: às vezes são os companheiros que isolam um menino ou uma menina, outras vezes são os pais que forçam o filho ou a filha a isolar-se”, enfatiza Pretto.

O bullying tem muitas caras. Este é um exemplo de como os pais não se adaptam às necessidades de seus filhos ", diz Pretto aos alunos.

No Instituto Scalcerle periodicamente, um psicólogo ajuda alguns alunos  que apresentam dificuldades ou problemas particulares. Graças à essa ajuda, os professores e o psicólogo conseguiram persuadir a adolescente a voltar à escola. Ela passou a usar o véu, mas confessa que não gosta.

"Eu não sei se é porque a família decidiu não impor tanto sobre o véu ou se ela tira o véu quando sai de casa - continua o diretor se referindo à adolescente - eu não quero entrar na dinâmica familiar e dizer a alguém como educar seus filhos. O importante é que a garota voltou à escola ".

Origem do véu islâmico - hijab é usado pela maioria das muçulmanas que vivem em países do mundo muçulmano. Hijabe ou hijab é cobertura, "esconder os olhares"; é o conjunto de vestimentas preconizado pela doutrina islâmica. No Islã, o hijab é o vestuário que permite a privacidade, a modéstia e a moralidade, ou ainda "o véu que separa o homem de Deus".

Walther Alvarenga

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