Drama de mulheres, crianças à deriva. Ninguém quer recebê-los. |
Matteo Salvini, de Roma, critica ação do presidente Emmanuel
Macron.
As tensões na União Européia desencadeiam crise imigratória, após a
Itália ameaçar cancelar parceria com a França e barrar entrada de imigrantes
pelo mar. Em Paris houveram criticas quanto a decisão italiana de fechar seus
portos a uma embarcação com mais de 600 imigrantes.
Matteo
Salvini, novo ministro do Interior de Roma e vice-primeiro-ministro, impediu
que um navio transportando 629 migrantes, incluindo 123 crianças
desacompanhadas e sete mulheres grávidas, fosse atracado na Itália.
Mateo Salvini faz duras críticas ao presidente Emmanuel Macron |
Malta também
se recusou a aceitar o navio Aquarius operado pela organização francesa
Medicines Sans Frontiers e a Sos Mediterranee, antes que o novo
primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, instruísse as autoridades portuárias
a receber o navio em Valência.
O presidente francês Emmanuel Macron, que foi
criticado por não se oferecer para aceitar o barco, reagiu furiosamente às
últimas táticas da Itália sobre a imigração.
O porta-voz do governo, Benjamin
Griveaux, disse em uma entrevista coletiva nesta terça-feira que durante uma
reunião do gabinete, Macron denunciou o "cinismo e a irresponsabilidade do
governo italiano".
O porta-voz de seu partido, Gabriel Attal, foi
mais longe e disse à TV Pública Senat que "a linha do governo italiano é
nauseante". Ele acrescentou:
"A posição italiana me faz vomitar."
"É totalmente inaceitável
jogar política mesquinha com vidas humanas como está acontecendo agora",
ressaltou.O governo italiano rebateu em um comunicado, dizendo: "A Itália
não pode aceitar lições hipócritas de países que no campo da imigração sempre
preferiram virar a cabeça para o outro lado".
Como resultado, Roma está
agora considerando cancelar encontro entre Macron e o novo primeiro-ministro
italiano, Giuseppe Conte, na sexta-feira.
Salvini tentou acalmar as tensões em
um tweet dizendo: "A Espanha quer nos denunciar, a França diz que sou
nauseante". Quero trabalhar com calma com todos, mas com um
princípio: # primeiro os italianos.
Mas a ação da Itália também ganhou o apoio
da Hungria, que por sua vez adotou uma forte postura antimigrante, construindo
cercas de perímetro ao longo de suas fronteiras, estendendo-se por dezenas de
quilômetros.
Falando nesta terça-feira após uma reunião com o seu colega
eslovaco, Peter Pellegrini, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, disse
que a decisão da Itália foi um "grande momento que pode realmente trazer mudanças
nas políticas de migração da Europa".
A última linha vem depois que o
chefe de assuntos internos e imigração da UE, Dimitris Avramopoulos, alertou
Bruxelas de que o bloco "não pode permitir outra repetição da crise
imigratória de 2015", que viu mais de um milhão de imigrantes chegarem à
UE via Mediterrâneo.
"Não devemos permitir que a imigração seja um
elemento de divisão entre nós, porque infelizmente algumas posições tomadas
pelos partidos políticos em alguns governos são muito preocupantes, não para o
futuro da nossa política de imigração, mas para o futuro do nosso lar europeu
comum”, alfinetou.
Este ano, mais de 35.000 refugiados atravessaram o
Mediterrâneo, com quase 800 pessoas supostamente mortas ou desaparecidas. Cerca
de 220 pessoas por dia saem do norte da África em barcos com destino a países
europeus populares, como Itália, Espanha e Grécia.
Walther Alvarenga
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