Dr. Joel Stewart, Cônsul-Honorário do Brasil em Orlando, foi recepcionado pelo CEO Flávio Delgado, do “Grupo Monreale Hotels”, em Poços de Caldas (MG), na importante visita a cidade. Ele abordou pontos como DACA, investidor brasileiro e a volta do turista a Orlando


Em visita a Poços de Caldas (MG), o Dr. Joel Stewart, Cônsul-Honorário do Brasil em Orlando, foi recepcionado pelo CEO Flávio Delgado, do “Grupo Monreale Hotels”, oportunidade em que conheceu pontos importantes da cidade – almoçou com o Prefeito Sérgio Azevedo –, externando a sua admiração pela Estância das Águas sulfurosas, cercada por montanhas. Foi uma estadia bem movimentada, além do encontro com empresários, o Cônsul também esteve com o Secretário de Turismo, Ildeu Pereira, em um tour que considerou, “muito importante”. 

“Poços de Caldas tem um contingente expressivo de pessoas residindo nos Estados Unidos, e visitar o local onde vivem as famílias desses brasileiros é muito interessante. Foi aqui que tudo começou e, hoje, nessa minha visita, posso conhecer a origem da história desses imigrantes. É uma bela cidade, que oferece segurança, e tem um grande acervo cultural. Estou me sentindo em casa”, ressalta.

No exercício de suas funções, o Cônsul-Honorário presta serviços de assistência consular e orientação Jurídica há mais de 40 anos, trabalhando na causa dos brasileiros residentes nos EUA. “Sou advogado de Imigração e comecei o meu trabalho com os brasileiros, de Minas Gerais, que foram os primeiros imigrantes do Brasil a chegarem aos Estados Unidos. Foi quando tomei conhecimento da cidade de Poços de Caldas, de onde imigrou muita gente, e queria muito estar aqui, e, agora, estou tendo esse prazer. A oportunidade de vir a Poços surgiu através do convite do empresário Flávio (Delgado), proprietário do ‘Grupo Monreale Hotels’, do empresário Renato Paiva - Ótica DiVeneza - e do seu sócio, Eduardo (Alberto Dias). Estou gostando muito da cidade, e aqui, posso dizer, sinto-me brasileiro”  Dr. Joel Stewart é americano, natural de Nova York.

Renato Paiva, Dr. Joel Steward e Flávio Delgado -
Enfatizando a importância da Comunidade Brasileira nos EUA, o Cônsul-Honorário pontuou a força dos mineiros no contexto imigratório americano: “Em longo prazo fiquei sabendo das cidades de onde imigram os brasileiros, como, por exemplo, de Governador Valadares, Vale do Rio Doce, Belo Horizonte, Poços de Caldas, Ipatinga e também Joinville (SC), que têm exportado muita gente. E para esses imigrantes, os anos oitenta, noventa – até 2001 quando as torres do World Trade Center, em Nova York , foram atingidas –, era muito mais fácil imigrar e permanecer nos Estados Unidos. A debandada de brasileiros se intensificou nos anos oitenta ( entre 82 a 86), devido a crise econômica do Brasil". 

"E foi no ano de 83 que me mudei para a Flórida, quando apareceram os primeiros brasileiros em busca de oportunidades. Foi um bom período porque as leis para imigrantes eram mais leves, mais fáceis, e eles tinham grandes chances de trabalho. Pessoas que vinham para tirar a carteira de motorista (driver's license), e buscavam um sponsor (empregador) para conseguir o green card. Trabalhei muitos anos com essas pessoas, até que em 2001 as coisas ficaram mais difíceis, complicando a situação dos imigrantes”, lembra o advogado.

“Outro problema sério é que o Brasil não tem um acordo com os Estados Unidos para investimentos, que é o Visto E-2 – Visto para investidores. Muitos países têm esse acordo, e o cidadão pode investir até cem mil dólares e permanecer no país. Esse visto é concedido através de um acordo internacional, e os Estados Unidos não têm esse acordo com Portugal, Brasil, China, Rússia e África do Sul. No entanto, Chile, Colômbia, Argentina, México, e quase todos os países da Europa, são beneficiados".  

"Por exemplo, um argentino pode levar cem mil dólares para os Estados Unidos, abrir uma empresa sem correr muito risco. Solicita o Visto E-2 e pode renovar por toda a vida, fixando residência no país. Já o brasileiro não pode fazer isso, ele terá de criar outras maneiras para ficar nos Estados Unidos”, complementa Dr. Joel.  

Indagado sobre a estratégia para consolidar o acordo entre Brasil e EUA para o Visto E-2, o Cônsul-Honorário foi contundente ao responder: “Vários grupos de advogados, Câmara do Comércio e outras entidades imigratória têm tentado viabilizar esse acordo, têm se esforçado, mas sem muito sucesso. É importante lembrar que o acordo beneficia os dois países. A princípio, com o forte laço de amizade entre os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro, acreditava-se que poderia viabilizar o acordo para o Visto E-2, mas ainda não vingou. E o caminho para o brasileiro nos Estados Unidos não tem sido fácil, inclusive, ele pode gastar até quinhentos mil dólares, através do visto L1A, e não conseguir aprovação”, alerta.

Quanto aos investidores brasileiros em Orlando, com status financeiro privilegiado, disse o cônsul que, “eles não têm tanta urgência de conseguirem o green card. E se conseguem o green card vão assumir muitas responsabilidades tributárias e terão de pagar mais imposto de renda. A América exige declarações de todos os seus ganhos no país, e o investidor terá de apresentar toda essa renda, evidente. A cidade de Orlando tem hoje muitos investidores do Brasil, há vários negócios comandados por brasileiros, o que denota um número considerável de empresários brasileiros”, relata.

“E tem também questão do visto para estudantes, que dá isenção para o estudante. Você pode ir com a sua família para os Estados Unidos, então a esposa vai estudar, o marido também estuda, os filhos estudam, e todos podem permanecer no país até cinco anos sem trabalhar, sem encargos tributários. Posteriormente, a família pode pedir um visto de permanência no país, e vejo que essa tem sido uma prática comum entre os brasileiros, que vão com a família estudar nos Estados Unidos para depois solicitarem o visto de permanência”, explica o advogado.   

Lembrando a questão do DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals), que deixa na corda bamba cerca de 800 mil jovens nos EUA, o Cônsul-Honorário foi enfático: “O Daca é uma lei que sai de um privilégio executivo, que se chama poder discricionário. A imigração, em algum momento da história norte-americana, determinou que pessoas devessem entrar no país, a exemplo dos cubanos, hondurenhos, guatemaltecas, haitianos, enfim, pessoas oriundas de países que tiveram problemas com a guerra, terremoto ou vulcão. Não existe uma lei para que essa gente permaneça nos Estados Unidos. Entretanto, quem exercia o cargo presidente, em algum momento abriu esse precedente, seja na gestão do presidente Kennedy (John), há cinquenta anos, seja outro presidente, eles permitiram isso. E mesmo que não esteja na legislação, eles fizeram uso do seu poder para beneficiar pessoas, temporariamente”, pontua.

“E foi exatamente isso que o Obama (Barack) fez para beneficiar as crianças que acompanhavam os pais quando chegaram aos Estados, e hoje são jovens estudantes. Foi um ato humanitário, emergencial, porém não está de acordo com a legislação do país. Não estou afirmando que esses estudantes não possam ser beneficiados, devem sim, mas o Congresso deve criar uma lei para esses jovens, compreende? Deputados e senadores precisam fazer uma lei que beneficie esses jovens estudantes”, reforça. “E como não existe uma lei, o Trump (Donald) quando assumiu a presidência, revogou a medida assinada pelo Obama, o que vem gerando toda essa confusão”.

Turista brasileiro em Orlando

Questionado sobre a reabertura do Aeroporto Internacional de Orlando para receber turistas brasileiros, ainda este ano, o Dr. Joel Stewart foi categórico na resposta: “Sem dúvida, o Brasil domina em Orlando, o contingente de turista brasileiro é expressivo na cidade, mas não há, até o momento, uma data definida para a retomada de brasileiros em Orlando. Há restrições para três países até o momento, China, Irã e Brasil, e também para os estudantes desses países, e se eles não estiverem nos Estados Unidos, não poderão entrar no país. Mas torço para que o mais breve possível Orlando possa voltar a receber os brasileiros, pessoas alegres e significativas para o turismo da Flórida”, finaliza. 

Walther Alvarenga

 

 


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