Walther Alvarenga
Os movimentos são precisos, sincronizados – a
harmonia perfeita entre os acordes impulsivos da música e a leveza de corpos,
que desenham no espaço imagens entrelaçadas aos pés, mãos e abdômen. É a pura
magia da essência humana.
Uma sucessão de gestos protagonizados por ágeis
bailarinos, que nos conduzem a uma viagem de sonhos – impossível não se
entregar à dança. O balé clássico é mesmo envolvente! Mas que mundo é esse?
Como alcança-lo?
“O poder da dança cura a alma! A dança é um remédio
divino! Mergulhamos em um mundo mágico, e nos tornamos poderosos, esquecemos de
tudo, e a sua realidade é exaltada! Quando danço, sinto que estou completo”,
diz Júnio com ênfase nas palavras.
O casal de bailarinos integra o seleto cast de
artistas contratados do renomado “Metropolitan Opera in NY”, em Nova York,
cumprindo temporada com os espetáculos, “The Magic Flute” (Dec 10 - Jan 5); “Le
Nozze di Figaro” (Jan 8 - Apr 21), e “Turandot” (Oct 7 - May 14).
Uma trajetória bem-sucedida, dividida com atividades
paralelas: “Nós também somos atores, professores de dança, e participamos de
comerciais para televisão e filmes nos Estados Unidos.”
“Todos os dias somos chamados para testes, além de
nossos vídeos no ‘Tiktok’ e no ‘Instagram’, onde mostramos o nosso dia a dia”,
explica Júnio.
O sucesso nas redes sociais aconteceu durante a
pandemia, quando os teatros se fecharam nos EUA e os bailarinos descobriam nas
redes sociais uma forma de estimular a dança – incentivar os seguidores.
“A rede
social nos salvou e salvou pessoas! Postamos vídeos feitos na nossa sala e
cozinha, dançando durante o lockdown, e as pessoas acharam interessantes e
passaram a nos seguir.”
“E como não tínhamos como compartilhar o nosso
trabalho do palco, fizemos de nossa sala e de nossa cozinha um lugar de
espetáculos para compartilhar com os nossos seguidores. Descobrimos nas redes
sociais uma terapia de vida.”
“O ‘TikToK’ e o ‘Instagram’ são ferramentas
importantes de conexão com pessoas em várias partes do mundo. Nós temos um
projeto em andamento para um curso de dança online. E através de nossos vídeos,
fomos contatados para fazer comerciais para a ‘Disney’ e para ‘United
Airlines”, complementa Ana.
Indagado sobre a carreira de sucesso nos palcos de
Nova York, disse Júnio que tudo aconteceu quando veio aos EUA em 2005 para
representar o Brasil, no “New York Internacional Ballet Competition”, e então
foi contratado pelo “Columbia Classical Ballet”.
No Brasil, teve uma trajetória expressiva, aos 18
anos, participando da “Companhia de Dança SesiMinas”, em Belo Horizonte, onde
conheceu Ana Luiza, com 15 anos – que também integrava o balé.
Começou então
um namoro, pois o casal estava sempre junto, era dupla preferida para
protagonizar os espetáculos.
“Quando fui escolhido para vir a Nova York, eu e a
Ana ficamos separados por um ano”, lembra Júnio. Entretanto, Ana também acabou
sendo selecionada e contratada para dançar no “Europe Ballet Conservatory”, na
Áustria, internacionalizando a sua carreira – e lá se foi mais um ano de
distância entre o casal.
“O meu pai era contra eu deixar o Brasil para dançar
na Áustria. Achava que eu era muito nova, e não acreditava que a profissão
fosse me dar um suporte financeiro adequado.”
“Queria que eu continuasse os meus estudos na
faculdade, mas eu jamais perderia a grande oportunidade da minha carreira. Fiz
a minha escolha, deixei tudo para trás e fui para a Áustria”, fala com carinho.
O casal de bailarinos se reencontrou em dezembro de
2007, nos EUA, oportunidade em que Júnio e Ana foram contratados pela “New Jersey
Ballet Company” por sete temporadas.
E desde 2010 são os principais “Guest Artists do
Staten Island Ballet”, em Nova York. Em 2014, os bailarinos foram contratos
pelo “Metropolitan Opera in NY”, com vários espetáculos na agenda até junho de
2022.
Cortinas vermelhas
Filho de policial – os pais dançavam a dança de
salão –, conta Júnio que quando criança, assistia com os irmãos as
apresentações de Mikhail Baryshnikov, um dos mais célebres bailarinos, no
“American Ballet Theatre”.
“Eu ficava fascinado com as apresentações do Mikhail
Baryshnikov, e quando as cortinas vermelhas do ‘Metropolitan’ se abriam,
mostrando a performance de Baryshnikov, meu coração acelerava. Eu queria
dançar, era isso que queria para a minha vida”, fala com emoção.
“O meu pai nunca me disse não, ele me incentivou
quando falei que queria fazer balé, ser bailarino. É um sonho de criança que
hoje vejo realizado.”
“E, no mesmo teatro, no mesmo palco que um dia
quando criança vi Baryshnikov dançando, é o palco onde hoje eu danço. E quando
olho para as cortinas vermelhas do ‘Metropolitan’ vem a imagem de menino,
sentando na sala da minha casa, fascinado com a magia daquelas cortinas.”
“Quero fazer uma homenagem ao meu avô, Antônio
Salgado, que é músico da Banda da Polícia Militar de Minas Gerais. Meu avô tem
95 anos de idade e ainda roça seu acordeom. E ele sempre me diz que, ‘Com a
música eu toco a vida’. Sou grato pelo seu incentivo”, ressalta Júnio.
Descoberta de Ana
Segundo Ana, a sua paixão pelo balé aconteceu quando
criança, no jardim da infância, ocasião em que teve uma aula de demonstração
com a professora.
“E quando comecei a fazer os primeiros movimentos,
fiquei encantada. Cheguei em casa e disse para minha mãe que eu queria fazer
balé, e ela me apoiou. Falou que me colocaria em uma escola, mas tive que
esperar.”
“Percebi que os meus pais não viam o balé como uma
profissão. Precisei insistir com a minha mãe para ela me colocar em uma escola
de dança”, relata. “Para mim, a dança era uma certeza.”
Ana e Júnio nasceram para dançar, se encontraram, e
hoje encantam plateias com uma performance de tirar o fôlego.
Estão na linha de frente dos grandes espetáculos
musicais do “Metropolitan Opera in NY”, eles que começaram a dançar juntos, na
“Cia de Danças Sesiminas” em Belo Horizonte.
“Nosso sonho de criança não pode morrer, ou
envelhecemos espiritualmente. Sou um sonhador nato”, finaliza Júnio.-
Serviço
Instagram e Tiktok do casal:
@ThatBrazilianCouple
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