A santa
ignorância da política televisiva
Os
bastidores da política e do entretenimento no Brasil tornaram-se bode
expiatório da vez. E se por um lado há as trapaças e favoritismos em comum
acordo – na calada do Palácio do Jaburu -, quanto ao universo miraculoso de
vaidades da televisão, vale tudo desde que os números do Ibope sejam
compensadores.
E nessa guerra de interesses, não importa se haja “mortos” ou
“feridos”, vale celebrar resultados. É necessário manter-se atento aos
desdobramentos em ambas às partes – diria universo da soberba -, pois os
segundos avançam e os elementos que alimentam politica/televisão são
devastadores, na maioria das situações.
E o povo como fica? Bem, essa questão,
como bem diz o nosso presidente, “depois se resolve”. Depois? Como assim?
Na televisão
brasileira a disputa acirrada entre os programas, novelas, esportes e até mesmo
telejornais, transformou-se em carrossel iluminado, e vale disputar montar o
melhor cavalo. Na linha de shows, famílias de baixa renda são arrastadas à
seara das realizações complacentes: reforma de casa; filha abraça artista
famoso; reencontro de desaparecidos; contato com fantasma, e assim vai.
Um
festival de lágrimas – Rodrigo Faro que o diga -, capaz de anestesiar o mais
cético. O abobamento do telespectador fica cada vez mais comprometido.
O produto
novelas, exportado a diversos países, é o pão nosso de cada dia no lar da
família brasileira. Seja na sala requintada ou na casa simples, todos comungam
da mesma fatia do pão. E perceber o envenenamento lento – no conta-gotas –
dessas histórias que cultuam o desamor e banalizam a convivência familiar é repugnante.
Salvo, evidente, novelas bíblicas da Rede Record, mas a generalização do caos doméstico,
retratado em capítulos, tem sido o antídoto de autores em busca do sucesso da sua obra.
O mundo
enigmático da informação - e do entretenimento - sofre com os exageros, abrindo
precedentes desastrosos. E neste contexto do imediatismo, nos deparamos com
apresentadores que se intitulam engraçados; a política efeito gangorra em
Brasília e uma série de eventos que demarcam o front da notícia.
A lei da
sobrevivência requer sete vidas, olhos de águia e habilidade para transformar
pássaro em morcego. Caso contrário, você estará fadado a se transformar em
“trouxa”, seguindo a linha filosófica dos bruxos de Hogwarts.
Walther Alvarenga
Walther Alvarenga
Postar um comentário