Saguão de embarque do Aeroporto John Kennedy em Nova York |
Fiquei durante 10 minutos com a brasileira no telefone. Foi tenso.
Não se trata de nenhum episódio de série americana
ou filme policial. Nada disso. É o retrato da vida real e, mais uma vez, envolvendo
gente do Brasil – emigrante indocumentado. Uma brasileira, acompanhada do
filho de cinco anos – o nome não vou revelar por questão de ética – passou por
momentos de terror no Aeroporto Internacional John Kennedy, em Nova York. Precisou correr
para o banheiro, quando viu os agentes da Imigração, iniciando-se uma
verdadeira maratona do medo.
Ela – a brasileira acompanhada do filho – embarcaria
para Orlando, na Flórida, onde uma amiga a esperava. “Eu tenho um trabalho acertado em Orlando”,
confessa a brasileira aos prantos, escondida no banheiro no aeroporto. Ela
trabalha com faxina nos EUA.
O que aconteceu? Recebi o telefonema da brasileira
que estava desesperada. Ela embarcaria em meia hora para Orlando quando viu os agentes
da Imigração – ICE – surgir repentinamente no saguão de embarque, pedindo
documentos aos passageiros. Queria saber o status do passageiro, e, no caso de
residente, o Green Card (documento que permite viver e trabalhar nos EUA)
E quando percebeu o perigo iminente, correu para o
banheiro muito assustada. A brasileira, evidente, não tem documentos de
trabalho no país.
Pedi a ela calma, inclusive, também assustado, podia
se ouvir o choro do garotinho. Fiquei apreensivo, e nada poderia ser feito,
pois como falei no meu programa na televisão – alertei alguns brasileiros – está
em curso à operação “Deportação Imediata”, determinada pelo presidente Donald
Trump. Ele quer fora do país os imigrantes com antecedentes criminais.
As “batidas” se intensificaram no Estado de Nova
York, assustando quem não tem documentos. A operação não dá tréguas e, leva para
a cadeia pessoas sem documentos, e, dependendo do caso, à deportação.
A brasileira, do Sul de Minas, está nos EUA há
quatro anos e ainda não deu entrada na papelada de legalização. E você, leitor,
deve estar se perguntado o que foi que houve com a brasileira escondida no
banheiro.
Ficamos no telefone por 10 longos minutos. E depois
de muito choro, ela resolveu enfrentar a situação. Durante a nossa conversa se acalmou
e tomou coragem. Senti um calafrio quando ela me disse que iria sair do
banheiro e voltar para a sala de embarque.
“Confio em Deus e vou embarcar para Orlando. Ninguém
vai me impedir de seguir o meu caminho”, falou com determinação, me agradeceu e
desligou.
Fechei os meus olhos e senti arrepios. Pensava no
menino de cinco anos que poderia ser levado para um abrigo de crianças nos EUA,
caso a mãe fosse presa. Preocupei-me com família da brasileira que entraria em
pânico.
Para a bênção dos céus, no momento que estou
escrevendo este artigo, soube que a brasileira voltou para o saguão de embarque
e, não me pergunte como, conseguiu embarcar para Orlando. Ela já está em
Orlando com o filho, e foi para o trabalho na manhã desta quarta-feira.
Walther Alvarenga
PoxA se no meu Brasil valorizasem mais o nosso povo trabalhador não haveria isso...vivemos sustentando políticos corruptos desonestos q viajam a vontade...triste! Mas graças q Ela conseguiu
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